sexta-feira, 26 de junho de 2020


Triste fim de Policarpo Quaresma - Releitura e novas descobertas.



Hoje, aos 26 dias de junho de 2020 (o ano mais atípico da minha vida), eu terminei a leitura do livro "Triste fim de Policarpo Quaresma" do grande escritor brasileiro - Lima Barreto". 

É a segunda vez que leio esta obra, contudo me parece que eu não a conhecia. Faz muito tempo que tive o primeiro contato. Acredito que a falta de maturidade e de uma introdução em relação à estética do autor, o contexto histórico e até a biografia de Lima Barreto, tenha me impedido de fazer uma leitura mais fruída. 

Publicado em 1911 é visto dentro da história literária como uma obra pré-modernista. E por que razão? Digamos que foi um romance, cuja a estética diferia das correntes literárias vigentes à época, mas que não rompia totalmente em alguns quesitos e também não apresentava a mesma concepção da corrente Modernista que surgiu a partir da "Semana de Arte Moderna de 1922". 

Vamos ao livro?

Policarpo era um major burocrata bastante ingênuo, nacionalista e idealista em demasia. O palco da história se passa na Rio de janeiro do início do século XX, em nossos primeiros anos como República. Há críticas severas em relação ao despotismo do Marechal Floriano Peixoto, à urbanização desenfreada do estado, ao jogo de aparências, ao jeitinho brasileiro, ao empobrecimento da população, preconceito racial e até a linguagem usada pelos parnasianos em suas obras. (os poetas e escritores contemporâneos de Lima Barreto, o criticavam por usar um linguajar mais popular, sem preciosismo ou rigor sintático).  

Para cada denúncia ou aspecto do cotidiano dessa história, Lima Barreto criou um personagem para ilustração. Temos militares burocratas que sustentavam suas famílias a custa do Estado, sem o trabalho significativo e conversavam sobre batalhas das quais nunca participavam; mulheres criadas para o casamento, sem instrução para outro ofício, e algumas por não realizarem aquilo para qual foram criadas, em alguns casos, ou enlouqueciam, ou viviam sem propósitos, dependentes e sem segurança alguma. Há imigrantes, pobres, acadêmicos picaretas, médicos farsantes e tantos outros tipos que ilustram o tempo do autor, que infelizmente, em muitos pontos, não difere muito do que ainda vemos por aí. 

Recomendo muitíssimo a leitura. Além de ser um livro muito bom,  traz uma perspectiva bastante realista da nossa formação política, econômica e estrutural. 

Lamento bastante a falta de reconhecimento desse escritor notável. 

Quotes: [...]"Na sua inteligência havia uma necessidade do tortuoso, do aparentemente fácil; e, em tudo ele punha esse jeito de sua psique, tanto no falar, com grandes rodeios, como nos canteiros que traçava, irregulares, maiores aqui, menores ali, fugindo à regularidade, ao paralelismo, à simetria, com um horror artístico".[...]

[...] "A morte tem a virtude de ser brusca, de chocar, mas não corroer, como essas moléstias duradouras nas pessoas amadas; passado que é o choque, vai ficando em nós uma suave recordação do ente querido, uma boa fisionamia sempre presente ao nossos olhos. [...]


Patricia Cardoso Dias

palavras chaves: #tristefimdepolicarpoquaresma #limabarreto #literaturabrasileira

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Como me tornei uma "bookworm".




Como me tornei uma "bookworm".



A minha história com os livros é bem conhecida dos meus colegas do curso de Letras da UFLA. E como parece agradar bastante, vou dividir neste espaço. 
Eu iniciei minha vida escolar no comecinho da década de 80. Nessa época o Jardim da Infância não era obrigatório, por isso, não fui matriculada, mas o desejo de ser alfabetizada era muito grande. Queria ler os anúncios na TV, nos muros, ler histórias, porém o meu objetivo principal era ler a "Bíblia" de púlpito que ficava exposta em um porta livros em cima da cristaleira do meu saudoso avô.
Comecei meus estudos e logo que consegui habilidades com leituras de textos, arrisquei ler o Pentateuco biblíco. Minha história preferida fora a de José do Egito. 
Passaram-se  três anos, e fiz o 3° ano C, com a professora Teresa Viviane. Ela deixaria um marco na minha vida em relação aos livros. Era uma educadora nata. 
Em um determinado dia, no ano de 1983, ela entrou na sala com uma caixa onde continham cerca de 40 (quarenta) livros e distribuiu entre os alunos. Acredito que se tratava de exemplares do mesmo título: "A ilha perdida" - Maria José Dupre - Ed. Ática - Coleção-Vagalume. Após a distribuição, ela anunciou que ficaríamos lendo durante aquele dia. Faltando dez minutos para o final da aula, ela daria alguns recadinhos a respeito da leitura. Como era de se esperar, não conseguimos finalizar o livro. Então, ela nos disse: -Gostaram da história? Querem terminar a leitura? - Nós respondemos que sim. Ela, então, continuou: - A partir da próxima sexta-feira, aqui próximo a escola teremos a visita quinzenal de uma biblioteca ambulante. Então vocês devem trazer uma conta com o endereço de vocês e a certidão de nascimento (Criança não tinha RG.) para fazer a carteirinha de Identificação e poderão emprestar livros a cada 15 (quinze) dias. Foi a melhor coisa que me aconteceu  naquela época! Meus pais eram pobres, eu morava em um bairro de periferia da Zona Leste de São Paulo e não teria condições de comprar todos os livros que tive a oportunidade de ler na infância. Então, não parei mais de ler. Em alguns anos, mais livros do que em outros, contudo, esse ano, já comecei com força total e já finalizei 4 (quatro) livros de janeiro até agora e estou com três em andamento.

Contei toda essa história só para dizer que esse blog será dedicado ao meu hobby favorito: LER. E agora vocês sabem a razão.
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